Na Paraíba, a criação dessas abelhas vem se fortalecendo por meio da meliponicultura. 4a175m
Existem cerca de 20 mil espécies de abelhas conhecidas no mundo. No Brasil, são três mil espécies, sendo 250 espécies sem ferrão. Uma parcela dessas abelhas, junto a outros insetos polinizadores, é responsável pela reprodução de mais de 75% das culturas agrícolas destinadas à alimentação humana, conforme a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Nesta terça-feira, 20 de maio, é celebrado o Dia Mundial das Abelhas, uma data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) para reforçar a importância dos polinizadores para os ecossistemas e para a segurança alimentar. Neste dia, o Conselho Regional de Medicina Veterinária da Paraíba (CRMV-PB) destaca a importância das abelhas e o papel dos zootecnistas e médicos-veterinários na meliponicultura e apicultura.
A zootecnista Júlia Leitão, conselheira eleita do CRMV-PB, destaca que, além de fundamentais para a produtividade agrícola e o equilíbrio ambiental, as abelhas produzem recursos valiosos, como mel, própolis, cera, pólen e geleia real, que movimentam a economia rural, sobretudo entre pequenos produtores e comunidades da agricultura familiar. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil produziu 64,2 milhões de quilogramas de mel, consolidando sua posição entre os 11 maiores produtores do mundo. O país tem mais de 100 mil apicultores, sendo que 82% deles trabalham na atividade familiar.
No entanto, conforme explicou Júlia, esses importantes insetos enfrentam sérias ameaças: uso indiscriminado de agrotóxicos, mudanças climáticas, perda de habitat e desmatamento. “A redução das populações de abelhas tem sido observada globalmente, o que representa um risco direto à segurança alimentar e à manutenção da biodiversidade”, explica a profissional.
O Brasil abriga mais de 250 espécies de abelhas sem ferrão (meliponíneos), nativas da América Latina e adaptadas aos nossos biomas. Ao contrário da conhecida Apis mellifera (abelha com ferrão), essas espécies são dóceis, não oferecem riscos de acidentes e são ideais para atividades de educação ambiental, polinização de culturas e produção de mel de alto valor agregado.
Na Paraíba, a criação dessas abelhas vem se fortalecendo por meio da meliponicultura, que alia preservação ambiental, produção de alimentos e geração de renda. A zootecnista Júlia Leitão destaca que o manejo correto das abelhas sem ferrão exige capacitação e atenção ao bem-estar das colônias.
“Na região da Serra do Jabre, localizada no município de Maturéia na Paraíba, trabalhamos com Jati (Plebeia sp.), Cupira (Partamona seridoensis) e Canudo (Scaptotrigonas) espécies muito comuns no Nordeste. Durante o manejo, realizamos manejo de colheita do mel, após a higienização das mãos e instrumentos, fizemos a extração do mel com seringas esterilizadas, diretamente dos potes no interior da caixa. A comercialização do mel é fonte de renda para agricultores familiares, como também o sistema de criação de abelhas serve como educação ambiental a partir da preservação das espécies”, explica Júlia.
Segundo ela, o mel das abelhas sem ferrão possui altíssimo valor nutricional e medicinal, sendo consumido in natura ou utilizado na medicina tradicional. “É um produto valorizado no mercado e representa uma importante fonte de renda para agricultores da agricultura familiar. Além disso, essas abelhas são essenciais para a polinização de plantas nativas e até de cultivos agrícolas, contribuindo para a sustentabilidade do meio rural”, reforça a conselheira.
Profissionais essenciais – A atuação de zootecnistas e médicos-veterinários é fundamental em toda a cadeia produtiva da apicultura e meliponicultura. Esses profissionais contribuem com conhecimento técnico sobre sanidade das colmeias, nutrição das abelhas, planejamento de manejo, controle de pragas e doenças, além de atuarem na legalização e inspeção da produção de mel e derivados.
A presença desses profissionais também garante que os produtos cheguem ao consumidor final com qualidade, segurança e rastreabilidade, respeitando normas sanitárias e promovendo o bem-estar das abelhas.
O presidente do CRMV-PB, médico-veterinário José Cecílio, reforça a importância da atuação técnica: “A presença de zootecnistas e médicos-veterinários no campo da apicultura e meliponicultura é estratégica. São profissionais que unem conhecimento científico e compromisso com a sustentabilidade, fortalecendo essa cadeia produtiva que é vital para a sociedade”.
Consumo do mel – O mel brasileiro tem se destacado pela qualidade e diversidade de sabores, principalmente nas produções orgânicas e de abelhas nativas. Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), o país exporta anualmente mais de 30 mil toneladas de mel, sendo os Estados Unidos e a Europa os principais mercados.
O consumo interno, no entanto, ainda é relativamente baixo — cerca de 60 g por pessoa ao ano, segundo estimativa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), enquanto países como Alemanha e Argentina consomem mais de 1 kg per capita. Isso demonstra o potencial de crescimento do mercado interno, especialmente com o aumento da conscientização sobre os benefícios do mel e seus derivados para a saúde. (*) Ascom
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